Eu tenho que escrever sobre o amor. A matéria é complexa e eu, co-protagonista de uma relação que já dura há 10 anos, devo dizer-vos que sobre amor, a única coisa que sei é que sinto que sei muito menos do que devia saber! (Isto ficou confuso, não ficou?)


Isto de viver uma relação amorosa pode ser uma coisa muito boa quando está o vento a favor, mas quando a malta anda torcida é uma grande chatice. Verdade seja dita, quando existem dois egos para alimentar numa relação, nem sempre as coisas são fáceis. Por vezes há alguém que tem que ceder e, se em alguns casos fazê-lo é algo natural, outras vezes pode implicar renuncia a qualquer coisa que se quer muito. Isso pode não ser tão pacífico. Há também a outra hipótese de se chegar a um acordo, mas este também pode ser uma coisa complicada quando existem argumentos fortes de ambas as partes. Podemos simplesmente concordar em discordar? É possível.

Há sempre questões que se levantam na existência de pontos de vista diferentes: Estou a ser egocêntrica(o)? Devo ceder? Devo manter o meu ponto de vista? Devo tentar ver o lado dele(a)? E se os dois temos razão? Por vezes o problema é esse: os 2 têm razão. Pode ser que cheguem a essa conclusão, ou que um seja teimoso e não queira dar o braço a torcer. Outras vezes a razão perde-se no meio de coisas ditas e feitas que surgem da capacidade humana de magoar como forma de se defender.

Eu não sou teimosa. Ele sim, é. Para mim é fácil dar o braço a torcer e ver quando tenho razão ou não, mais do que para ele. Ele acaba por fazê-lo também, mas pode demorar dias. Eu posso até dizer a famosa frase do "leva lá a bicicleta" ainda que às vezes não muito convencida de que ele tenha razão. Para evitar chatices desisto e vivo bem com isso. Um teimoso não teima sozinho e eu não tenho paciência para teimar. Se ele quer ter razão, deixa-o ter. Às vezes tem mesmo. Outras não, mas o tempo encarrega-se de lho mostrar. Muitas vezes voltamos ao assunto dias mais tarde, com as ideias mais claras e concordamos em discordar ou em ter os dois razão, ou em termos perdido a razão pelo caminho.

A minha principal questão hoje é: quando é que numa relação amorosa uma pessoa define a linha entre o que é a sua vontade própria e o direito a ela e o seu egocentrismo? Eu às vezes tenho dificuldade em perceber se estou a ser egocêntrica ou se estou simplesmente a exercer o meu direito pessoal e intransmissível de querer ou não querer qualquer coisa. Mas ele também não tem direito de querer? Também não tem expectativas e vontades e direito a elas? Quando devo ou não ceder sobre pena de com essa cedência estar a anular as minhas vontades? Ou as dele? Este tipo de dúvidas são coisa para me deixar uma semana a pensar no assunto depois de embirrarmos um com o outro.  Por isso é que digo e acho que o amor é complicado. Não é fácil. "O amor é um lugar estranho". Não é? É maravilhoso sim, mas temos que ser inteligentes para o descortinar.

No fundo a base do amor, como da vida, é o respeito. Havendo respeito tudo fica salvaguardado. Acontece que o respeito não torna o amor mais fácil, porque entre o dizer e o fazer muita coisa se perde. É fácil perder o respeito, ainda que momentaneamente. É fácil deixar o ego ganhar. É fácil esquecermo-nos do outro, das suas vontades e anulá-lo. A chatice maior é que somos humanos. E isso significa errar e acertar na relação connosco e com os outros. Por isso, e se calhar por outras coisas, é que o amor é um quebra-cabeças! 

1 comentário

  1. Cá em casa é mais ou menos o contrário. Eu sou super orgulhosa e resmungona. Ele é um paz alma e ainda por cima dá o braço a torcer.

    Temos uma relação bonita, assente no respeito. E assente no facto de que eu é que comando as tropas. ahahahah

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