Foi em 2013 que isto aconteceu. Estava desempregada e pela primeira vez a procurar emprego noutra área que não a de formação académica. Achei que trabalhar numa loja não deveria ser mau, queria alargar os horizontes e fazer algo diferente. Em Maio comecei a entregar currículos e da Mango ligaram-me para ir à primeira entrevista. A gerente perguntou-me sobre a minha experiência em lojas e disse-lhe com sinceridade: "Não tenho, mas também não vou ter se não me derem uma oportunidade". Depois de segunda entrevista, com os "chefes", recebi o tal telefonema a informar da minha contratação durante os três meses do verão.

Comecei a trabalhar no segundo dia de Junho. A loja abriu e poucos minutos depois consegui aconselhar a primeira cliente na compra de um vestido para oferecer à filha. Isso valeu-me um elogio da gerente. Rapidamente me orientei na loja: o atendimento personalizado ao cliente, as vendas na caixa, as regras sobre marketing e vendas. Estava a delirar com tanta informação e a adorar aprender sobre o outro lado do consumo. No segundo dia, terminada a manhã, fui chamada à parte pela gerente. Tinha um ar sério e pensei: "Será que fiz alguma coisa de errado?". Estava confiante que não, mas sentia que pela cara dela algo de mau ia acontecer. "Olha Vânia, eu sei que vais pensar que a nossa empresa é meio maluca" (lembro-me exactamente destas palavras). Explicou-me que os lucros baixaram e a empresa queria vender uma das lojas. Conseguiram fechar negócio no meu segundo dia de trabalho. Ficariam com menos um espaço para explorar e as lojistas seriam distribuídas pelas restantes lojas da empresa. Eu, tendo sido a última pessoa a entrar, ia ter que ser dispensada, deixava de ser necessária.

Foi um balde de água fria. Percebi pela primeira vez que por mais competente que se seja, tudo é muito relativo e somos mesmo descartáveis. São as regras do mundo dos negócios! Na altura fiquei desorientada mas nessa mesma semana consegui arranjar novo emprego numa associação onde sempre quis trabalhar desde que acabei o curso e que acontece ser uma referência na minha área. Foi melhor assim. É um lugar-comum dizer isto mas: "Fecha-se uma porta, abre-se uma janela". Mesmo! 

3 comentários

  1. Tal e qual Vânia! Tanto como resposta ao teu comentário no meu blog como para este post. Se calhar foi mesmo aquele 'desvio' que te alargou o caminho, e ainda bem! :)

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  2. Aprendi que na vida nada é deixado ao acaso... tudo tem o seu tempo, o seu porquê e apesar de por vezes não percebermos logo o que nos acontece, com o tempo, com o distanciamento necessário, vemos que afinal foi o melhor que nos aconteceu! :)
    Cristel

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