Fez-me tanto sentido este desabafo do Nuno Markl que decidi partilhá-lo assim, na íntegra, sem cair sequer em tentação de acrescentar mais nada.

"O Facebook anda a modos que irrespirável. As notícias já são más, da Bélgica ao Brasil; em cima delas, pessoas a insultar pessoas, a alimentar a fúria umas das outras - para nada, para absolutamente nada, a não ser perder tempo em que podiam estar com os filhos, com os cônjuges, a namorar, a fazer amor, a ler, a ver filmes ou séries ou teatro. Cada vez há menos reflexões produtivas; apenas sacos de pancada contra sacos de pancada, irritando-se e amargurando-se mutuamente. Dos grandes aos pequenos temas, o Facebook tornou-se numa espécie de spa do ódio de onde me parece impossível que saiamos melhores pessoas. Sairemos certamente melhores zombies, no entanto. Ao ver o estado zen e lúcido de alguns amigos que fecharam as suas contas de FB ou que nunca as chegaram a ter, como o Ricardo Araújo Pereira, é impossível não sentir alguma inveja de quem está longe deste patético fight club do nada, mantendo-se ainda assim ligado ao mundo e, provavelmente, muito mais atento do que todos nós, Facebookodependentes, com as nossas infinitas partilhas de notícias que, em muitos casos, nem sequer lemos até ao fim - mas que nos criam uma ilusão de conhecimento, de atenção ao mundo que nos rodeia, que é, no fim de contas, cada vez mais superficial e oca. Vale a pena lembrarmo-nos, de vez em quando, que isto não é o mundo, nem a vida. É só o Facebook."

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