Numa noite destas estava às portas do Farol de Aveiro, na Praia da Barra e vi que tinham visitas às quarta-feiras. Lamentei-me por perder a oportunidade de o visitar, já que sempre tive muito interesse em conhecer mais de perto o funcionamento daqueles monstros cuja luz se estende por vastos quilómetros mar adentro. Passados uns dias descobri que afinal a Autoridade Marítima Nacional permite visitas gratuitas aos faróis de norte a sul do país, sempre às quartas no período da tarde, e tratei de me proporcionar essa oportunidade. Assim sendo, esta semana visitei um daqueles que me está mais perto: o de Vila Real de Santo António.



O Farol de Vila Real de Santo António não é o maior do país, esse é o de Aveiro. Também não é o mais largo em diâmetro, esse é o do Cabo de São Vicente (aliás, segundo o faroleiro que nos guiou na visita, esse é o farol que tem maior diâmetro no mundo e por isso é possível visitar o mecanismo de iluminação). Voltando ao Farol de VRSA, apesar de não ser talvez o mais surpreendente que se poderia visitar, tem duzentos e oitenta degraus que têm que ser subidos e descidos em caracol e tem quarenta e seis metros de altura o que proporciona uma vista ímpar sobre a cidade, o rio Guadiana, a vizinha Espanha e o vasto pinhal que se estende até ao mar.



Claro que o Farol de Vila Real de Santo António, como todos os outros faróis do mundo, é alto, e isso significa que não é aconselhável a pessoas que não se sentem confortáveis com as alturas (como eu). Se eu me lembrei desse pequeno detalhe enquanto subia toda contente os duzentos e oitenta degraus desejosa de chegar ao topo? Não, não me lembrei. Mas lembrei-me assim que atingi o varandim e dei por mim encostada à parede para não me aproximar da berma. Não fui a única que me surpreendi com a altura e nesse momento dei por mim a sentir aquele velho e familiar aperto no estômago (o mesmo que senti quando decidi atravessar a maior ponte suspensa da Europa, ou quando, por duas vezes, me enfiei no teleférico de Lisboa). Nesse momento indaguei-me porque é que estou sempre a esquecer-me disso (ou a ignorá-lo por completo) e a colocar-me em situações que me deixam com vontade de me agarrar ao chão e não me mexer até que me tirem dali. Anyway, o importante é que, como sempre, isso não me impediu de tirar fotos nem de ouvir as explicações do simpático faroleiro que nos explicou que são eles que fazem a manutenção da estrutura (até a pintura) e que cada farol tem um tempo de iluminação único (vejo-o como uma espécie de código morse) que, compilado numa carta, permite aos navegadores saber onde estão quando se deparam com aquela luz. 





Sempre encarei os faróis como locais fechados, de difícil acesso e por isso fiquei encantada com a hipótese de os visitar porque são espaços bem mantidos e que respiram história. Se se interessam pelo assunto já sabem, é só procurarem um que vos fique mais próximo, ou então, se tiverem oportunidade, tentem visitar o do Cabo de São Vicente (eu fiquei com vontade apesar de já saber que vou ter problemas com a altura). Pelo meu historial palpita-me que isso não vai ser impeditivo. :)




Então e vocês, bravos das alturas, que histórias com faróis têm para contar?

6 comentários

  1. Nunca entrei num farol, mas é algo que gostava imenso. O problema serão as alturas, mas acho que aguento só para poder ver uma vista única :)

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  2. Nunca entrei em nenhum, mas sempre me fascinaram! Lá ver se qualquer dia consigo visitar um :)

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  3. Desconhecia que se podiam visitar às quartas e adorei saber porque sempre me fascinaram :)

    Lina Soares
    http://trintaporumalinhanoticias.blogspot.pt

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