Trincava uma torrada pela manhã quando me ocorreu a lembrança de uma rapariga que conheci há uns anos atrás. A miúda era de Lisboa e estava a viver em Faro num armazém abandonado, com um cheiro desagradável a humidade, no outro lado da linha do comboio, onde ninguém vai, junto à Ria Formosa. A mãe era jornalista e ela própria estava a estudar jornalismo quando, "para se libertar das opressões da sociedade", decidiu abandonar tudo para viver livre. Achei-a louca na altura, enquanto bailava acariciada pelo pôr-de-sol outonal, depois de me ter contado a sua história. Hoje ao lembrar-me dela, antes de ir para o trabalho, pensei que não é tão mais louca do que nós, os restantes mortais, que optamos por trabalhar uma vida inteira para ter meia dúzia de tostões, para conseguir manter um estilo de vida mais ou menos razoável e comprar os bens que a sociedade, os media e sabe-se lá mais o quê, nos convencem que precisamos para viver, privando-nos por isso, muitas vezes, de nos dedicarmos a fazer aquilo que nos dá realmente prazer na vida. Perante isto, quem são os loucos afinal?


[Imagem de autor desconhecido]

5 comentários

  1. Acho que nós é que somos loucos. Sempre arranjamos desculpas para não realizarmos os nossos sonhos, tipo, tenho que trabalhar, não tenho tempo, não tenho dinheiro....

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  2. Caríssima já diz o ditado que de louco todos temos um pouco, faz parte.

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