Sair da casa dos pais foi o empurrão que precisava para transformar a minha alimentação. Poder organizar a despensa e fazer sempre as compras, além da preparação da refeições, permitiu-me controlar completamente os produtos que consumo. Faço-o não por uma necessidade de manter a linha, até porque sou bastante magra, mas porque acredito que a alimentação está estreitamente ligada à saúde do nosso corpo e é algo que devemos encarar com seriedade. Aliás, creio que muitas vezes nos preocupamos demasiado com a parte estética e adoptamos dietas malucas, quando na verdade devíamos simplesmente aprender a comer melhor, e a pensar e conhecer aquilo que comemos. 

Assim, compilei 11 princípios que mudaram a forma como me alimento, e estou agora a partilhá-los convosco.

1. Privilegiar o consumo de alimentos naturais, frescos e diversificados
Quanto mais frescos e naturais forem os alimentos que consumimos, mais conseguiremos retirar deles o seu potencial nutritivo, vitamínico e proteico. Isto significa que em vez de abrirmos um pacote de sopa, aquecer no microondas e comer, temos que ser nós a confecioná-la. Só cozinhando de raiz as nossas refeições, a partir de alimentos naturais, conseguimos controlar aquilo que estamos a comer, e com isso reduzir a quantidade de produtos artificiais e tóxicos (conservantes, corantes, etc, etc) que ingerimos e que nos vão fazer mais mal do que bem. Conseguimos, além disso, controlar os temperos, reduzindo por exemplo os açúcares adicionados e o sal. Por outro lado, quando mais diversificadas forem as refeições, maior acesso teremos a diferentes tipos de nutrientes e vitaminas que são essenciais para o nosso corpo. E se bem que já li algures que os alimentos ultracongelados não são assim tão maus porque preservam as suas qualidades nutricionais, eu por norma prefiro os alimentos frescos. Claro que isto implica ter tempo para ir às compras, e ter tempo para cozinhar, mas eu pessoalmente não gosto de refeições complicadas e não perco assim tanto tempo na cozinha quanto isso. É uma questão de simplificar.

2. Conhecer a origem dos alimentos 
Esta é a grande questão na verdade, porque não basta ser natural, fresco ou da época. De onde vêm, afinal, os alimentos que comemos? Como são produzidos? Quantos quilómetros percorrem até chegar a nós? Depois de começar a falar e a ler sobre o assunto, comecei a perceber que a alimentação é muito mais do que ir ao supermercado comprar legumes e frutas. Implica estar informado, e entender o percurso que fazem até chegar a nós, pois isso tem igualmente impacto na sua qualidade e nos benefícios que nos trazem. Além da preocupação com a pegada ambiental (que me faz preferir alimentos portugueses aos estrangeiros, e produtos locais e da época), é importante considerar a quantidade de pesticidas e produtos tóxicos utilizados nas culturas. Conhecer os produtores, ou sermos nós próprios a produzir, é uma boa forma de contornar esta questão, ou adoptar pela compra de cabazes biológicos, ou em mercados locais. Hoje em dia até hipemercados como o Jumbo já têm secções separadas para venda de produtos de origem local.

3. Tirar proveito dos produtos da época
Consumir produtos sazonais significa que estamos a comprar mais barato e com mais qualidade. Após a época da colheita as frutas e legumes tendem a perder o seu valor nutritivo e tê-los no supermercado pode significar que andaram meses enrolados em arcas frigoríficas, ou que foram cultivados em estufas. Os produtos de estufa estão normalmente sujeitos a maior toxicidade pela utilização de pesticidas, fungicidas, e sabe-se lá mais o quê.


4. Cozinhar com gorduras saudáveis
Descobri que existem muitas gorduras alternativas ao óleo. As que uso frequentemente são o azeite, por ser um produto altamente ligado à Dieta Mediterrânica e com reconhecidas qualidades, e o óleo de coco. O último é mais resistente ao calor do que o azeite, pelo que é bastante indicado para o forno. 

5. Ler os rótulos 
Isto aprendi quando fiz o desafio dos 30 dias sem açúcar adicionado, e pegou de tal forma que não voltei a ir ao supermercado sem olhar para os rótulos dos alimentos. O que procuro normalmente, além da origem, é conhecer os ingredientes: saber o teor de sal e sem contém açúcar adicionado ou outras substâncias tóxicas, ou conservantes. Não vou ao extremo de olhar para as calorias, mas reparo nos rótulos porque percebi que até produtos insuspeitos como cereais, bebidas de aveia e arroz, molhos, iogurtes, entre outros considerados saudáveis, têm rasteiras e é preciso saber escolhê-los. 

6. Reduzir o consumo de açúcar, sal e conservantes
E com isto percebi que p'rai 80% dos produtos que estão no supermercado não me interessam, porque muitos deles têm açúcar adicionado, alto teor de sal e muita porcaria com nomes complicados que desconheço, e que por isso não me interessa consumir. Evito a todo o custo passar na secção dos doces e chocolates, molhos, conservas ou comida pré-cozinhada. No fundo o truque é ignorar a maioria das prateleiras e chegar ao fundo do supermercado, onde estão os produtos essenciais. O resto é desnecessário e tóxico. Li recentemente um artigo que fala justamente de todo o controlo que a indústria alimentar gera sobre nós e o mal que alguns desses alimentos fazem ao nosso corpo, pelo que parece-me que é algo que devemos pensar. 

7. Controlar o consumo de carne e peixe
Na verdade reduzi demais o consumo de peixe, porque nunca fui fã. Consumo pouquíssimas carnes vermelhas (porco e vaca) e estou muito mais à vontade com o consumo de carne de frango e peru. Quanto ao peixe, forço-me a consumi-lo, mas privilegio o consumo de espécies da nossa costa, não só porque é mais fresco, mas também porque reduz a pegada ambiental. Nem vos vou falar do salmão, que tanto adorava, porque ainda estou em recuperação do desgosto, depois de ver este documentário.

8. Conhecer os benefícios dos alimentos 
Conhecer os benefícios dos alimentos ajuda-nos a equilibrar a alimentação, sobretudo quando optamos por reduzir ou abolir o consumo de carne e peixe, que são tão ricos em proteínas. Saber onde ir buscar aquilo que é essencial e como fazer pratos equilibrados é um desafio que ainda estou a  aprender.


9. Ter sempre um prato colorido
Os olhos também comem, e acho sempre que ter um prato colorido não só é bonito, como significa que estamos a ingerir diversidade. Diversidade é bom, não é?

10. Improvisar, experimentar e arriscar
Já disse que o truque é simplificar, e é mesmo. Ver fora da caixa. A fruta não tem que se comer necessariamente depois da refeição, pode integrar uma salada, dar-lhe cor, variedade, sabor. Não temos que abusar no sal porque existem tantas especiarias que o tornam absolutamente supérfluo! A minha forma de cozinhar é olhar para o que há disponível, ver como os alimentos se podem combinar, e misturá-los sem receios. Se não souber tão bem em algumas vezes, é uma aprendizagem. Há fórmulas e combinações que percebemos que resultam e aí temos sempre uma base boa para começar. Inspiração e criatividade são, para mim, essenciais, e sobretudo não ter medo de experimentar novas receitas e novos alimentos. 

11. Ter calma e não cair em extremismos
Isto pode parecer altamente contraditório, e por isso é que o deixei para o fim. Acho que tudo tem que ser pensado e feito com conta, peso e medida, e eu, se tiver que ser, como um hamburger de fast food, delicio-me e não fico com remorsos. Também há os dias em que abro um frasco de molho de tomate para fazer massa com atum enlatado, para desenrascar porque não me apetece cozinhar. E confesso que tenho sempre uma pizza congelada no frigorífico, just in case. Não sou extremista. Acho que podemos fazer asneiras, não devemos é fazê-las todos os dias. Se fizermos disso um hábito estamos a esquecer-nos de nós, a colocar-nos em segundo plano, e aquilo que comemos parece ter mesmo impacto naquilo que somos. Temos talvez que encontrar um equilíbrio saudável em que nos permitimos por vezes a liberdade de simplesmente quebrar as nossas próprias regras, só porque isso nos vai fazer sentir bem em determinado dia. Não há mal nenhum nisso. E caramba, uma salada de alface nunca me vai saber tão bem como um hambúrguer de vaca! :)

3 comentários

  1. Gosto de comer saudável e tenho algum cuidado, mas de vez em quando... abuso. Mas ser sempre certinho não tem piada, tem? :)))

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  2. Por isso é que coloquei o 11º ponto. Um dos mais importantes. :))

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  3. A cena do prato colorida é gira. Quanto aos vários pontos, felizmente acho que tenho uma comida equilibrada e consigo manter-me saudável!

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