Na noite passada, insónia. Pela primeira vez desde que estou aqui descansei pouco e mal durante a noite. Lembrava-me recorrentemente de uma tia que anda meio adoentada e os médicos não descobrem o que é. Não ter notícias boas dela deixa-me um bocado ansiosa quando me lembro do assunto. Sim, já sei que não resolvo nada em ficar assim e blá blá blá. Eu sei. Mas a preocupação não diminui por isso.


Também me sentia meio agoniada, acho que foi do jantar. Não posso já ver carne de vaca ou frango à zambeziana (assado e com um molho de coco). Ou batatas fritas. Ou arroz. Ou ovo. É o que mais há. A alimentação não varia muito. Bife de vaca frito com ovo estrelado e batata frita ou arroz. Frango à zambeziana com o mesmo acompanhamento. Peixe com caril. E a salada até tem bom aspeto, mas não a posso comer. Depois sobremesas não há e fruta só comemos ao pequeno-almoço. Leite ou iogurte é para esquecer. Enfim... por esta altura já me apetecia variar um pouco mais na alimentação. O meu reino por uma mousse de chocolate!



Hoje mais visitas aos bairros. Como tem andado a chover, os cheiros intensificaram-se, sobretudo o cheiro do peixe seco e salgado que se vende junto ao rio à entrada do bairro Icídua. Os vidros iam abertos e eu estava desejosa que o carro avançasse para poder respirar ar puro. Sou sensível a cheiros e o de peixe então dá-me logo a volta ao estômago. As pessoas apanham o peixe mas como nos bairros não há meio de o conservar no frio, secam-no com o sal, como fazemos aqui com o presunto.



Reunimos com alguns grupos cívicos em 2 ou 3 bairros. Grupos cívicos são basicamente associações que funcionam com trabalho voluntário e fazem iniciativas de sensibilização e intervenção junto da população dos bairros onde estão sediados. Atuam em áreas chave como sensibilização para pagamento de impostos, saneamento, cuidados a ter com água, lixo, mosquitos, prevenção do HIV... Há estruturas comunitárias interessantes por aqui. A questão é que há tanto para ser feito que as acções de alguns quase parecem gotas no oceano. Mas é válido o seu trabalho, claro! Tem que se começar por algum lado!

Vou sair daqui uma expert em latrinas. Sim, latrinas (sanitas). Por estas bandas a palavra de honra é: fecalismo a céu aberto. É um problema grave nos bairros. Não há muitas casas de banho públicas ou privadas o que obriga as pessoas a fazerem necessidades onde calha. Hoje mesmo vi duas ou três pessoas a fazer as suas necessidades no meio da lama pantanosa dos mangais. É desviar a calça, baixar e já está. Nem tem necessariamente que haver um arbusto a tapar afinal de contas, vistas bem as coisas, todos nós sabemos o que é a merda e de onde vem e para onde vai! Bom, aqui vai diretamente para o mangal, ou para o buraco no chão, ou para o rio ou mar. Percebi ontem que nem mesmo em cidades como Maputo se faz muito tratamento de águas residuais. As E.T.A.R.S. são de pouquíssimas a nulas. 

Hoje dei comigo a pensar nas aulas de zumba. Até me questionei porque é que não trouxe um equipamento desportivo para ir correr nas horas livres. Já me faz falta mexer o corpinho. Depois pensei que haveria de ser giro eu a correr pela cidade feita maluca, só porque sim. Bom, eu posso vestir qualquer coisa e ir, tenho sapatilhas, mas que  disparate tão grande que isso me parece neste contexto! Além disso, com a confusão que há, se saísse a correr pelas ruas o mais certo era ser atropelada ou ter que andar sempre a parar e a fintar as pessoas e bicicletas. Mais vale estar quieta.

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