Do nada para o nada

28.6.15
Quando olho para o meu avô tão sumido de si mesmo e das memórias que tenho dele, penso que a vida, com tudo o que tem de maravilhoso, é também demasiado cabra e por isso temos que aproveitá-la ao máximo enquanto pudemos, sem desculpas e sem subterfúgios! 
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O sapo que não aceita um "não"

24.6.15
Estou no jardim, já a noite aparece vir apressada ocupar o lugar do dia. A brisa amena faz as folhas das árvores balançar. Sem que me passe desapercebido, subitamente há um som que se sobrepõe ao das folhas tocadas pelo vento. Oiço um rasto de movimento contínuo e vagaroso por entre a natureza morta do chão. As folhas caídas crepitam a cada passo. Vou olhar mais de perto, já desconfiada do que será. É ele, está de volta o sapo grande, o mesmo que há duas semanas tirámos do lago e devolvemos à terra, sabendo que se ia aguentar bem sem água. Não gostamos muito dele porque é grande e viscoso. As rãs também parecem ficar incomodadas porque cantam menos quando ele está por perto. Já desde o ano passado por esta altura que ele insiste em ocupar o lago como se fosse dele. Este ano é a terceira vez que volta, insistente e não sei se o deixaremos ficar. Acho que não sabe ouvir um não e parece que quer mesmo ficar por ali. A minha casa atrai vida. Ainda bem!
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É tarde...

23.6.15
É tarde. Ele ainda não chegou do trabalho. Estou aqui, assim, sem ele e custa-me a pregar olho quando não está ao meu lado. É tão mais fácil dormir quando há aquele abraço!
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Dias assim

22.6.15
No dia em que tenho conhecimento duma petição para travar um festival de carne de cão numa região da China (já sei que é cultural, blá, blá, blá, mas também é cultural eu achar que os bichos merecem respeito), no dia em que sei que a Marisa recolheu mais dois cachorros abandonados com sarna para o seu abrigo onde já tem outros noventa e tal cães abandonados, no dia em que apareceu um gato na terra ao pé da minha casa a miar assustado e sozinho, sem se deixar apanhar, provavelmente cheio de fome, sede e eu sem conseguir fazer nada... nesse dia, no dia de hoje, apetece-me dizer meia dúzia de palavrões e desejar o pior à gente desumana com quem partilho este mundo.  
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O corpo é meu. Não é?

19.6.15


A Filipa partilhou comigo no outro dia que quando estudava sociologia um professor lhe disse que o nosso corpo na realidade não nos pertence, pertence à sociedade. É verdade. Por isso usamos roupa mais formal no trabalho, por isso tapamos as tatuagens ou procuramos fazê-las em sítios pouco visíveis, por isso vestimos calças se temos a depilação por fazer, por isso fazemos dieta, por isso escondemos o corpo com pudor do olhar do outro se não nos sentimos bem com ele, por isso somos tão pouco amigos de nós mesmos e nos impomos constrangimentos e correntes. Por tudo isso vivemos aprisionados em nós, no corpo que é tão único sim, que é nosso, mas que todos têm e que por isso mesmo devia ser algo tão natural!
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O caderno da merda

18.6.15
Quando era mais nova, algures na minha não muito conturbada mas ainda assim sui generis adolescência, não deixava de lado o meu caderno da merda. Era "da merda" porque por lá escrevia de tudo o que me passava pela cabeça e tinha consciência que muito disso era inútil e sem valor para os outros mas de grande importância para mim (ou às vezes nem por isso!). Eram rompantes de tristeza, alegria ou indiferença que me apetecia transformar num desenho ou em palavras, em prosa muito mais do que em poesia. O caderno da merda tinha que ser de capa preta para eu poder plastificar e personalizar e não eram permitidas linhas porque não gostava de ter que escrever numa só direcção. Encantavam-me as folhas em branco que preenchia a meu belo prazer.

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Em manutenção...

14.6.15

A redecorar o quarto. Estas fotos de mim, de nós, das nossas viagens, vão para a parede...

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Amor, comprei sapatos

13.6.15
Se um dia ele me deixar, há-de ser por tantas vezes proferir esta frase.

[Imagem | Zara]
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"Tatuagens: orgulho e preconceito"

9.6.15
Saiu este artigo na Visão com o mesmo título que usei porque me faz todo o sentido. Sendo também eu uma pessoa tatuada não consegui deixar de me lembrar da vez em que me senti descriminada por ter tatuagens. Estava eu à procura de emprego e fui a uma entrevista para um cargo de animadora turística em hotéis. Foi a primeira e única vez que me disseram na vida que se ficasse com o lugar e tivesse tatuagens ou piercings teria que os tapar nem que fosse com uma ligadura ou um penso. Fiquei irritada com o comentário, levei a peito porque sabia que tinha ambos (ainda que não muito visíveis) mas não disse nada porque não havia o que dizer. Nesse momento percebi que o preconceito face às tatuagens, os piercings ou o ousar ser diferente existe tanto quanto o orgulho. Também percebi que aquele lugar não era para mim mas que se o quisesse mesmo teria possivelmente que ceder. Isso deixou-me irritada.
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Ao Barril

8.6.15

O dia acordou cinzento e tratei de o iluminar pois não me pareceu que houvesse motivos para se estar tão rezingão num domingo. De pequeno almoço tomado decidi que o melhor era trocar os calções por umas calças afinal o dia insistia no ar zangado e eu não gosto de sentir frio. Calcei também sapatilhas e os chinelos cor-de-laranja e pretos, amuados, ficaram em casa. O biquini foi comigo, mesmo que timidamente escondido debaixo da roupa desportiva, não fosse dar-se o caso do sol decidir romper por entre as nuvens. Pareceu-me que não ia acontecer porque o dia estava mesmo com um ar cinzentão, mas reforcei a vontade de praia colocando o protector solar e a toalha dentro da sacola. 

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O mercado ao sábado

6.6.15




Circulando pela rua ao sábado pela manhã em Olhão, sinto a energia das pessoas, as cestas com as compras, o escolher os legumes e as frutas reluzentes como só eles.

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I'm excited

5.6.15
Não sei o que é nem de onde vem, mas sinto energia em mim. Há semanas que pesam, mas as duas últimas têm sido passadas em modo "vamos lá fazer isto e aquilo". Quando toda a gente se queixa do calor, da moleza e do cansaço que tudo isso traz, eu regozijo-me com os dias de sol e deixam-me assim, de bem com a vida. 
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Quando eu era pequenina...

1.6.15

Quando eu era pequenina os avós estavam sempre presentes. Lembro-me do cheiro a pão acabado de sair do forno, amassado pelas mãos da avó Julieta. Ela deixava-me fazer os bolos de canela e eu gostava de os moldar com forma de coração. Se calhar vem desse tempo eu gostar tanto de fazer massa, de usar o rolo de cozinha para a estender, de encher as mãos de farinha. Quando o faço hoje em dia dou frequentemente por mim a sorrir. Uso o velho rolo de estender a massa da avó Ju.
  
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