Quando era mais nova, algures na minha não muito conturbada mas ainda assim sui generis adolescência, não deixava de lado o meu caderno da merda. Era "da merda" porque por lá escrevia de tudo o que me passava pela cabeça e tinha consciência que muito disso era inútil e sem valor para os outros mas de grande importância para mim (ou às vezes nem por isso!). Eram rompantes de tristeza, alegria ou indiferença que me apetecia transformar num desenho ou em palavras, em prosa muito mais do que em poesia. O caderno da merda tinha que ser de capa preta para eu poder plastificar e personalizar e não eram permitidas linhas porque não gostava de ter que escrever numa só direcção. Encantavam-me as folhas em branco que preenchia a meu belo prazer.

Deve ter-me ficado dessa altura o gostar de cadernos, de blocos e de objectos que permitam fazer registos com a naturalidade de quem pensa e age. Contudo, ultimamente os meus registos são muito a nível profissional e sinto que há pensamentos sobre mim, sobre a vida, que surgem e fogem à velocidade da luz porque não tenho como os apanhar e prender num papel que esteja à mão, para mais tarde recuperar. Por isso, parece-me que está na altura de voltar a usar, na mala já tão cheia de tralha, um caderno da merda.


P.S. Já sei que vocês, gente tecnológica, me vão falar das maravilhas de escrever no smartphone, etc, etc. Sei isso tudo, mas para mim não há coisa melhor do que escrever em papel.

2 comentários

  1. Txiii o caderno da merda!! hehehehehe bem me lembro dele! Sim dá jeito ter um para a malta apontar ideias repentinas que depois nos esquecemos. faz-me muita falta quando lembro-me de coisas que gostava de falar no blog e depois, como não aponto, esqueço-me!

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