O tempo voa e perco-lhe o rasto com facilidade, mas se não me falham as contas deve ter sido há umas duas semanas atrás que um miado rompeu o silêncio da noite. Saí à rua já com a certeza de que andava um gato pequeno na minha propriedade e que não tardaria a ficar em perigo porque a minha casa é também a casa de cinco cães. O gato tinha-se protegido debaixo do carro e os cães ladravam-lhe. Afastei-os, ele teve tempo para fugir e pular a vedação e a partir daí soube que aquele pequeno bichano branco e preto andava perdido. 


Esperei pelo dia que não veio facilitar em nada a situação. Dei-lhe comida e água mas não o vi durante dois dias. Sabia que ele andava pela terra do meu vizinho porque o ouvia a miar e a comida desaparecia, mas estava demasiado assustado para confiar. Fui aparecendo pela manhã e ao fim da tarde e ficando por ali, falando com ele mesmo sem o ver. Sabia que haveria de estar por ali, algures, no meio da natureza, imaginava eu que a observar-me. 

Um dia não se escondeu quando me ouviu chegar. Esperou que eu colocasse a comida e me afastasse deixando-me ficar a vê-lo devorar a refeição. No dia seguinte levei um brinquedo e depois de lhe saciar a fome introduzi algo novo, a brincadeira. Pela primeira vez senti que lhe despertei a atenção, vi-o descontraído a brincar e a ronronar. Nesse dia consegui tocar-lhe. No dia seguinte repetimos o ritual no fim do dia e consegui apanhá-lo e trazer para casa. Faz hoje uma semana que está connosco e já tem confiança para explorar e conquistar o espaço dele. Bem vindo à família pequeno Fintas! 

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