Hoje cruzei-me com uma senhora com boca de palhaça

21.3.16

Bem que tentei dar o benefício da dúvida à senhora com quem me cruzei hoje e que tinha transformado a sua boca numa boca de palhaça. Pensei cá para mim em primeira instância: "Cada um faz o que quer da sua vida, do seu corpo e do seu rosto e tu não tens nada a ver com isso". De facto é verdade, cada um tem direito de exibir a sua boca de palhaça como quiser, mas eu também tenho o direito de me indignar com ela e de achar que aquilo é um erro terrível de maquilhagem (já para não dizer de bom senso). Apeteceu-me partilhar com a senhora alguns conceitos que aplico a mim mesma no que toca a este campo e, já agora, noutros da vida: i) less is more; ii) se não sabes ou não tens a certeza, não inventes. Com esses dois princípios em mente mais uma dose razoável de bom senso não há como a coisa correr mal. Não lhe disse nada claro está, afinal de contas era uma desconhecida e ainda corria o risco de levar uma lambada. Isso justifica porque é que agora estou aqui a cortar-lhe na casaca, para não guardar esta indignação dentro de mim.

Obviamente que há algo em falta na cabeça daquela alminha. Só isso poderia explicar que alguém ponha um contorno preto nos lábios e que esse não venha sequer acompanhado de alguma tentativa de o disfarçar com um baton escuro ou qualquer coisa que o valha. A única coisa que acompanhava aquele contorno preto era mesmo a cor natural e rosada dos lábios da senhora. A julgar pela naturalidade dela, na sua cabeça aquilo estava muito bem mas eu fiquei com duas questões em mente: i) Porque é que alguém faria algo assim a si própria sem sequer ser carnaval; ii) Como é que ainda nenhum amigo ou familiar daquela alminha lhe disse que aquilo não se usa para aí desde os anos 80 (se é que algum dia se usou) e que lhe fica mal, ou que há outras formas de o fazer sem parecer uma palhaça. Também podia aqui tecer uma série de considerações sobre as pestanas tão cheias de rimel que nem se lhe via os olhos mas acho que, face àquela boca, isso torna-se absolutamente secundário.

[Imagem | Autor desconhecido]