Hoje lembrei-me daquele momento, quando era uma pirralha a entrar na adolescência, em que o Raul (um amigo de infância do meu pai) me tratou por "menina". Recordo-me de me ter empertigado, eu, já tão crescida, dizendo-lhe para não me tratar assim, porque claro, "eu já não sou nenhuma criança". Ele respondeu-me que tudo bem, desde que eu não o voltasse a tratar por "senhor". Ficámos os dois esclarecidos quanto a isso.


O assunto veio-me à memória hoje, no preciso instante em que o senhor do café que frequento às vezes me tratou por "menina". Respondi-lhe com um sorriso porque a vida já me amoleceu o ego e a minha rabugice vai sendo menor. Fiquei-me por aí porque a verdade é que, curiosamente, soube-me bem ouvi-lo, agora que já sou uma mulher.  

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