Querida Clara,

Apaguei no outro dia o teu sms, aquele que me enviaste a dizer "Acho que é agora, vai acontecer." Verdade seja dita, já não sei se era exatamente assim que estava escrito, mas era sem dúvida isso que queria dizer. Senti um baque no peito quando li essas palavras, e de repente passei a sentir-te sempre a falta, pelo simples facto de saber que já não posso falar contigo em qualquer altura, se quiser. É curioso este sentimento, sobretudo se pensarmos que em tantos anos de amizade se passavam meses sem nos contactarmos, além de outros tantos sem nos vermos. Apesar de tudo isto, e das tantas vezes que me lembro de ti desde esse dia, ocorreu-me hoje que já passaram uns três meses e ainda não te escrevi uma carta de verdade, daquelas que enviamos pelo correio.

Já aprendi que a vida tem o seu tempo próprio e que há momentos que não podemos forçar, sob pena de se perder algo pelo caminho. Vou esperar pelo dia em que pego numa folha, ou num qualquer postal e penso: vou escrever à Clara. Quando o fizer quero enviar-te fotos, um postal... não sei ao certo, talvez algo diferente, que ainda estou para descobrir. Quero escrever-te à mão, com calma, num daqueles dias slow, em que sinto que o universo está alinhado e posso preparar algo com muito carinho, que te possa ajudar com as respostas que procuras, no longo caminho que estás a percorrer.

Contrariamente à última carta, a vida serenou-se e como previa e as inquietações passaram. Por vezes tudo se complica e o tempo é mesmo um bom amigo, porque traz-nos distanciamento, e varre o que é mau com a mesma precisão que as ondas do mar colhem o que se encontra em cima das rochas.

Hoje está um fantástico dia de sol e parece-me que amanhã vou, finalmente, passar o dia na praia. :)

Beijinho,
Vânia. 

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