A discussão não é nova, e já é um lugar comum, nos dias que correm, a imagem que todos presenciamos em alguma altura, num qualquer lugar, de duas ou mais pessoas agarradas ao telemóvel, sem interagir ou conversar entre si. Também não há refeição que seja servida nos bistros, casas de tapa ou hamburguerias, sem que, antes de dar a primeira garfada, se tire a foto para a posteridade. Contra mim falo, porque ando sempre a fotografar tudo e todos, e também deixo os meus amigos a salivar perante um prato de comida enquanto tiro a foto perfeita, porque "está tão mimoso e bonitinho" (e a comida a arrefecer!). É certo que cada vez mais, em todos os momentos, temos essa necessidade de registar e partilhar cada momento, e quase todos os passos que damos.

Esta espécie de narcisismo que exercemos nas redes sociais, onde no fundo disponibilizamos aos outros - para não dizer impingir - as nossas vidas "perfeitas", os nossos momentos mágicos, bonitos e especiais, os nossos hábitos e formas de estar, pode não ser o lado mais brilhante das redes sociais, mas será que as mesmas se esgotam nos aspetos negativos?

Tenho dado por mim a refletir sobre isto ultimamente, porque me apercebo cada vez mais que (e isto pode parecer controverso face a tudo o que se diz delas, e da dependência que provocam), as redes sociais me aproximam mais da minha gente. De repente, pelo facebook, conseguimos partilhar momentos únicos, como acompanhar o passo-a-passo dos instantes de espera antes do nascimento do Miguel, porque a Joana nos vai actualizando de cada desenvolvimento significativo, no nosso grupo privado no Facebook. Consigo trocar ideias durante a semana com os meus melhores amigos em conversas privadas que não teríamos por chamada telefónica ou sms, e encurtaram as distâncias com as tias que vivem na França. As redes sociais permitem-me, têm-me permitido manter as pessoas na minha vida de forma muito mais regular.

Sabendo dos riscos da exposição a que nos dispomos com a sua utilização, da dependência que causam em algumas pessoas, das burlas e mentiras a que podemos estar sujeitos, e do alheamento face a tudo e todos que provocam por vezes, atrevo-me ainda a dizer que para mim são, ainda assim, uma ferramenta que, se usada com algumas ressalvas, pode tornar-se bastante útil. Na verdade não prescindo delas e sim, tenho uma certa adição por essa sensação de poder falar com os meus a toda a hora e ir sabendo deles pelo longo caminho das semanas em que não conseguimos, efetivamente, encontrar-nos presencialmente. 

Quanto a vocês, o que pensam sobre isto? Sentem que as redes sociais vos afastam, ou que vos aproximam das pessoas?  

8 comentários

  1. Tem-me aproximado das pessoas, sem dúvida! Quanto à dependência, é verdade que têm esse poder sobre nós, mas cabe-nos termos controlo suficiente para não deixarmos que isso nos afecte!

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  2. Não sou fã de algumas redes sociais por causa dos valores pelos quais elas se regem e pela forma como tratam a informação que têm disponível (não tenho Facebook, por exemplo, por causa das suas políticas de funcionamento). Mas não acho que todas as redes sociais sejam vilãs. Depende muito da rede em si e da forma como as pessoas as utilizam, não é? Claro que há pessoas que ficam viciadas, e há aquelas que as usam de forma completamente narcisista. Mas também há quem as use sabiamente, e para se manter a par de familiares e amigos que estão longe. Em muitos casos, este tipo de plataformas aproxima as pessoas, e faz com que as saudades sejam um pouco mais fáceis de suportar. É como em tudo na vida: com conta, peso e medida.

    Mundo Indefinido

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  3. Tudo utilizado em qb é o ideal. Nada de exageros. Mas efectivamente aproxima as pessoas. No caso de termos alguém que nos é tão querido a viver tão longe, aproxima com certeza <3

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  4. Não há bela sem senão e o exemplo perfeito disso são as redes sociais. Podem dar a festinha do ego mas na realidade de que nos servem para além disso? A vida é demasiado curta para ve-la apenas por um ecrã.

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  5. Engraçado que ainda ontem à noite eu e o meu marido falávamos sobre isso. Ele é cozinheiro e conta muitas vezes que uma das coisas que mais lhe custa é confeccionar um prato com toda a sua dedicação e depois olhar para a sala e, em vez de começarem a comer e degustar o prato ainda quente, as pessoas estão agarradas ao telemóvel - nas redes sociais ou a tirar a bela da foto ao prato (que acaba por nunca ser só uma).

    https://blogdiariodeumafamilianormal.blogspot.pt/

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