As sextas costumam ser especiais. Sempre foram desde que me lembro, porque representam por norma o último dia antes do fim-de-semana, onde de alguma forma recupero o tempo que sinto que me pertence. São também, desde há uns três anos atrás, o dia em que faço aquele que julgo ser o gesto mais egoísta da minha semana, pois dinamizo, no fim do dia, uma aula de teatro para um grupo de meninas que tiveram o azar de não ter famílias perfeitas, o que resultou na sua institucionalização.



Aí tenho encontro marcado com elas e comigo… com os afetos. Subir as escadas para o sótão onde ensaiamos é, para mim, o gesto simbólico de deixar para trás o stress da semana, colocar toda e qualquer arreliação de lado e reciclar a minha energia, dar o melhor que tenho.



Se não estamos bem, nem eu nem elas, se em algum escasso dia sentimos que não apetece ensaiar, ficamos por ali, conversamos. Tenho perfeita noção que lhes faço bem, mas que elas me fazem a mim, talvez, e sem se aperceberem disso, um bem maior.



Na sexta passada foi assim, não apetecia trabalhar. Elas já estão com espírito de férias, especialmente entusiasmadas porque foram às compras durante a tarde, e eu vinha de uma semana frustrante de tabelas, projetos e chatices. Fomos para o jardim e eu tinha a máquina fotográfica na mochila, porque dali seguia para o Arraial do Compromisso. Fotografei e deixei-as fotografar até que o nosso tempo voou e a cidade me levou a uma outra rua, colorida, cheia de calor humano, com outros sorrisos e cheiro a sardinha assada.



Foi o meu segundo ano naquele arraial, mais uma vez na companhia do Sérgio, da Liliana e do Carlos. Será que já lhe podemos chamar um ritual? Oxalá que sim! É um evento onde gosto de estar, porque as receitas revertem para uma causa maior. Além disso, também passamos um bom bocado. No fim, já as mesas estavam a ser guardadas, seguimos a pé pela cidade, eu e o Sérgio, para sentir as pessoas. Parámos para conversar ao encontrar um amigo dele, cirandámos os dois em conversa amena por ruas familiares e, quando já perto do carro, desviámos a nossa rota para seguir a música.


Encontrámos uma segunda festa com uma banda divertida com música com a qual não nos identificávamos, mas ficámos um pouco só para sentir a animação. Acabámos por nos afastar pouco tempo depois, por entre as sombras nas paredes flamejadas por luzes amarelecidas. Terminámos na doca, sentados no chão do convés baloiçante, a ouvir o som que nos chegava da terceira festa do nosso caminho, o concerto no Castelo. Aí brinquei com a máquina até conseguir desfocar as luzes irregulares que escorregavam do cimo das muralhas e vinham beijar a Ria, enquanto ele me abraçava. 



E assim deixamos os lugares abandonados, mudamos o tema do Off Sight, e começamos a fotografar pessoas, as pessoas da nossa terra. 

Que toque pessoal terão as restantes off sighteres dado às suas pessoas? Venham descobrir tudo nos blogues:

8 comentários

  1. Muito bonitas, com um toque muito teu.

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  2. Vânia, adorei as fotos, mas lá estou eu novamente, nem sei se gostei mais delas ou de acompanhar este teu serão. A propósito, obrigada pelo teu coração e por dares esse presente a quem tanto dele precisa, com uma ferramenta tão mágica :) Quanto às fotos, gostei imenso do teu olhar para os momentos! Esses sorrisos...não enganam. É São João! :)

    Jiji

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    1. Obrigada Joana, pelas tuas palavras.

      P.S. Ó pá, apaguei o teu comentário no post anterior sem querer. Ia publicá-lo, mas estava a usar o telemóvel e o dedo foi para o botão errado! :/ Sorry!

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  3. Ena, que fotos brutais!! Muito bem!!!!!! :)
    Beijinho

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    1. Obrigada Bela Dina! Cá te esperamos no próximo mês! :)

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  4. Vânia, que fotos bonitas :) Elas, em conjunto com o texto, aqueceram o meu coração, juro! Fico mesmo feliz por descobrir esses teus planos de sexta-feira <3 Que boa forma de começar este novo tema!

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  5. Podes apontar na tua agenda, que a partir de agora passa a ser um ritual, a ida ao arraial ;) beijinho

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