Vinte e quatro de julho de dois mil e dezassete
24.7.17
Querida Clara,
O ano passado por esta altura tinha feito muito do que me faz bem. Este ano, as prioridades estão trocadas, as vontades adiadas, o tempo para mim não existe e há uma tensão constante no trabalho, que me consome muito mais do que o que seria necessário. Já aprendi algo nestes trinta e dois anos de vida: ninguém nos paga, ou agradece o esforço que fazemos (podem fazê-lo, mas não o fazem realmente, porque no fundo, um dia, todos somos descartáveis). Por outro lado, mesmo sabendo isso, há o sentido de responsabilidade que não consigo deixar para trás, perante a necessidade de que tudo se faça, tudo se resolva, e pelo melhor. Aquilo que já tenho como verdades absolutas na minha vida, nem sempre consegue ser aplicado. Adio. Adio o que me faz bem. Adio a vida calma, enquanto penso todos os dias que me apetece mudar de vida, que um dia hei-de ter o tempo só para mim. Adio as idas à praia e os mergulhos no mar. Adio as tardes com a família e as noites de tranquilidade e namoro. Adio os livros cuja leitura está por terminar. Adio a escrita no blogue, os passeios com os cães, as corridas e o regresso ao desporto. Adio as tardes relaxadas nas esplanadas e as risadas com os amigos. Estou sempre com sono, a fugir, com o tempo contado. Não sou assim no verão, onde normalmente o trabalho se serena, e está a consumir-me saber que no fim de julho o único mergulho que dei foi às oito da noite, porque não resisti e atirei-me sem biquini. A vida tem que ter um equilíbrio, eu perdi o meu e por esta altura já me apetece estar off, muito off, e esquecer-me do mundo. Não vou adiar mais.
Beijinho,
Vânia.
Beijinho,
Vânia.
Pelo menos estás ciente do teu presente, está agora nas tuas mãos partir para a mudança na esperança de chegar ao slow living aka viver à séria. Um abraço forte!
ResponderEliminarpartilho muitas das tuas palavras. força!
ResponderEliminarPelo menos... já tomaste consciência, do que está mal... e do que precisas ou precisarás mudar... isso já é muito bom!...
ResponderEliminarAcredita, que nos tempo que correm... muita gente, estará nas mesmas circunstâncias... o termos a noção de que somos descartáveis... é o primeiro passo, para nos consciencializarmos de que temos de começar a dar-nos valor... e se calhar a pensar, em melhor alternativas... pelo menos a médio ou longo prazo...
Beijinhos! Gostei imenso da imagem!
Ana