Cinco de outubro de dois mil e dezassete
5.10.17
Querida Clara,
Nem acredito que passou o mês de agosto, que tive três semanas ininterruptas de férias e não arranjei tempo para te escrever. Pensei fazê-lo por várias vezes. Lembrei-me de arranjar uma foto inspiradora e colocar algumas palavras num papel para te enviar por correio, mas os dias voaram sempre ocupados com outros momentos. Queria dizer-te que já estou a viver com o meu amor, que a casa se compôs, tem paredes e portas brancas e apenas o essencial. Não tem tralha em cima dos móveis, nem quadros nas paredes. A vida logo se encarrega dos pequenos detalhes, mas para já somos nós os dois, a Mia, o Óscar, umas quantas plantas e pouco mais. Ah! e tenho uma prateleira cheia de livros, e com espaço para outros tantos. Apesar do vazio aparente, sinto a casa bastante completa, e dou comigo a pensar que quero que seja sempre assim... minimalista, simples, branca, confortável, prática e adaptada a nós.
Aos poucos vou convidando os amigos e a família para virem conhecer, para estarem connosco e entrarem no nosso mundo. É bom. É bom estarmos só os dois com os nossos bichos, ou poder abrir a porta aos que queremos e nos querem bem. É bom ter aromáticas na varanda e ver o sol a pôr-se todos os dias num horizonte recortado do verde da serra ao longe. Há dias em que o céu fica tão vermelho quando o sol se esconde que dou comigo a pensar porque é que não consigo parar todos os dias àquela hora para o contemplar. São muitos os dias em que o sol se põe e nós nem nos apercebemos, mas é deveras revigorante estar à janela no fim do dia, tranquila, a fitar o horizonte.
Outubro está a ser um mês atribulado. Tinha conseguido retomar a rotina do desporto pós férias, mas este mês já rompi com tudo isso. É difícil ter rotinas quando a agenda é que decide por nós e o trabalho se impõe a tudo o resto. Vão ser muitos os dias de estrada, fora de casa, sozinha e a relacionar-me com pessoas que mal conheço. Sabes o que é bom disso? Saber que estou a trabalhar em equipa, com um conjunto de pessoas que admiro e em quem confio, e que estaremos juntos, mesmo que cada um esteja num canto do país. Vamos chegar estafados ao fim do mês (acho que ao fim do ano), mas seremos mais fortes. Vamos fazer o que tem que ser feito e bem, porque levamos o nosso trabalho a sério. Estou confiante, vai ser bom.
Gostava de saber de ti. Será que estás a conseguir encontrar o que procuras? Será que estás bem e feliz? Será que contemplas o sol a pôr-se a partir de onde estás, como eu? Caramba, tenho mesmo que te escrever uma carta e enviá-la pelo correio, para ver se me respondes!
Beijinho,
Vânia.
Um texto muito bonito, de alguém comprometido com a vida, e apostando em saber ser feliz, no meio de todas as solicitações, e possibilidade que a vida oferece!...
ResponderEliminarGostei imenso! Beijinhos! Bom domingo!
Ana
Que carta bonita Vânia. É tão bom saber que ainda há pessoas que sabem ser felizes :)
ResponderEliminarTão boas as tuas palavras. :) Obrigada!
EliminarQue legal, "Cartas à Clara"!
ResponderEliminarHá tempos, eu dei por mim
Pensando em fazer assim
Como tu fazes! Preclara
Vânia, é bem clara
A tua intensão afim
À arte que tem por fim
Fazer arte que declara
Amor à literatura.
Assim formas a figura
De certa correspondência
Entre ti e tua amiga
Suposta. É bom que se diga
Que escrever é uma ciência.
Grande abraço. Laerte.
Obrigada Laerte!
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