Sabem aquele momento em que de repente sentem que tudo está claro e esclarecido e que tudo vai correr bem? Foi o que senti quando vi este filme. Desde que voltei de Moçambique que entrei num estado de introspecção algo profundo. De repente comecei a questionar (mais do que o costume) quem sou eu, o que faço aqui, o que me define enquanto pessoa, qual é a minha essência. Enfim... basicamente quero perceber quem sou e para onde vou e tentar que esse caminho seja feito de forma que valha a pena, para mim e para os que me rodeiam.


Demorei algum tempo a perceber o que é que esta viagem me fez. Foi a primeira vez que fui a África, bastante longe de tudo o que conheço. Lá senti o entusiasmo de quem está a absorver tanta novidade à sua volta. Senti contradições. Questionei muito tudo: a minha vida, a vida daqueles por quem por vezes eu passava de carro como mera espectadora. Tudo isso mexeu comigo, mas só o percebi quando voltei a Portugal, a casa e ao trabalho e por algum motivo não consegui encaixar-me na vida tal como ela era. Agora percebo porquê. Alguma coisa mudou em mim e por isso tive que me redescobrir, repensar e reencontrar. Tive que me lembrar do que é ou não importante para mim. Ainda estou a meio do processo. Entre tanta aflição, paz, dúvidas, certezas, felicidade e tristeza que andei a sentir durante talvez mais de um mês depois de regressar da viagem, percebi que no fundo a vida é isto. Que vai ser sempre assim. Que não posso estar sempre feliz e contente e cheia de energia. Que tenho que conseguir lidar com o que me derruba, com os retrocessos, com as minhas fraquezas, com as dúvidas e os medos. Lidar com o lado positivo (o meu e o da vida) é bem mais fácil às vezes! Aceitar tudo o que é menos positivo como parte de mim e não como uma grande chatice que aparece para me desviar do meu caminho de ser feliz é o grande desafio.

Na verdade tudo faz parte do caminho. O caminho faz-se também por aí. Isto escrito parece mais fácil do que fazendo, mas de facto é tão simples quanto isto. É essa a essência da vida e parece que, pelo caminho, descobri que a minha essência, aquilo que me tem movido até agora, é exactamente a vida e a vontade de viver e de deixar alguma marca positiva naqueles de quem gosto. Com o "Eu Maior" vi que o que faço quando estou menos bem é usar isso como alavanca para evoluir, crescer e aprender. Se já não dá para ir pelo caminho que tinha pensado, experimento e vou às apalpadelas tentar encontrar um outro caminho que me sirva. É nos momentos como este, de questionamento profundo sobre mim mesma, que cresço mais e que melhor me conheço e mais me defino. 

Quando olho para trás percebo que o caminho percorrido por esta vida em busca desse "ser"  tão desejado que é a felicidade, tem valido a pena. É por aqui mesmo que quero ir. E se me desviar do caminho não estarei mais do que a percorrer o caminho!  



4 comentários

  1. olá bom dia. gostei muito do que li. identifico-me com algumas reflexões expostas. nunca fui a África e acredito que uma viagem dessa natureza nos modifique e nos faça pensar. esse rosto com o cenário envolvente fecha muito bem o texto. beijinho.
    Mia

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  2. Vou ver o vídeo, sem dúvida nenhuma, porque acredito que há mudanças definitivas e que só fazem sentido se assim forem. Um beijinho*

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  3. África nunca me seduziu... não sei, acho que me deixo aterrorizar pelo desconhecido!

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  4. Pois, a mim também não, não é um continente que tivesse muita vontade de visitar. Tive que ir a trabalho e fiquei encantada com a alegria deles, mas estarrecida com a falta de tudo o que é considerado essencial, que o grosso da população tem.

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