Hoje corri três quilómetros. Segundo a app que uso para monitorizar as minhas corridas, a última antes desta aconteceu em dezembro de dois mil e dezasseis. Passou quase um ano. Este foi um ano terrível. Não corri, desisti do Pilates, parei com o Zumba e deixei de ir ao treino funcional. Não me mexi. Pior, não me apeteceu mexer. Em setembro retomei cheia de vontade mas a falta de horários e as viagens sobrepuseram-se e parei tudo outra vez em outubro. Mas hoje corri. Corri três quilómetros que me custaram mais do que na primeira vez que cheguei aos dez. Corri devagar, só para pôr a máquina a mexer. Não tracei objetivos. Queria só chegar onde o meu cérebro, mais do que o meu corpo, deixasse. Parei aos três, um pouco antes de terminar o percurso que tinha traçado na minha cabeça. Parei ciente de que fisicamente conseguia mais, mas deixei desencadear no meu cérebro o mecanismo de desistir, de recuperar o fôlego, de parar de fazer esforço, de ir pela via mais fácil. 

É preciso falar disto, da desmotivação. Já todos sabemos que a prática desportiva faz bem. Eu sei disso porque nos momentos em que consigo encaixar a atividade física na minha rotina diária sinto-me sempre feliz. Parece que aproveito melhor os dias, que tiro algum tempo diário para cuidar de mim, que me dói menos as costas de estar tanto tempo sentada à frente de um computador. Vejo o meu corpo a mudar de alguma forma, durmo e como melhor. O desporto traz consigo uma sensação de bem-estar que despoleta um mundo de coisas boas. Contudo, mesmo sabendo disto, às vezes simplesmente não consigo e desisto, deixo para depois. 

Não há desculpa. Não é a falta de tempo, ou a falta de rotina. Houve alturas em que viajava e levava comigo umas sapatilhas e uma muda de roupa desportiva. Houve um dia em que acordei no Porto às sete da manhã para correr antes de uma conferência que começava às 10h. Era inverno. Estava frio. Na zona ribeirinha o pessoal da Câmara lavava o chão. O dia ainda estava a acordar e eu já tinha feito seis quilómetros. Por isso não é a falta de tempo, é falta de vontade. Não sei se há uma fórmula que resulte na desmotivação para o desporto, mas parece-me que ela tem tudo que ver com o desistir e optar pelo caminho mais fácil, simplesmente porque não temos força mental para fazer mais do que isso. Já percebi que a minha desmotivação surge quando me vejo a braços com projetos pessoais ou profissionais que me preenchem a cabeça e me roubam a energia. Este ano foi assim: primeiro a mudança de casa, logo a seguir o excesso de trabalho. Perdi o foco em mim, no que me faz bem. É cansaço físico mas acho que é, sobretudo, cansaço psicológico. O corpo pode ser trabalhado, mas parece-me que o exercício maior é colocar-nos na disposição para fazer o esforço que é necessário para estarmos bem. 

Hoje corri três quilómetros. Não sei quantos vou correr amanhã. Apetece-me que seja um pouco mais do que isso. 

4 comentários

  1. Há que fazer tempo para o desporto! Tive uma vida demasiado sedentária este ano e agora tenho imensos quilos para perder e a sanidade mental quero de volta =)
    Vamos ter de arranjar tempo para o que nos faz feliz, e se a corrida faz toda a diferença no dia a dia então faz disso prioridade.

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  2. Ai desmotivação no desporto...pois é aqui a je sabe bem o que isso é. Uma pessoa arranja mil e uma desculpas para não o fazer... o cansaço psicológico apoderou se de mim, mas as minhas costas gritam me para fazer alguma coisa. Comecei a ir à piscina fazer natação livre e para a semana vou começar pilates terapêutico. Vamos ver se é desta que volto a entrar na linha...

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